- seu padre, preciso lhe falar,
na vida fiz coisas estranhas
e com a morte o que será?
Sou uma pistoleira de aluguel.
Pelas minhas mãos, muita gente
Retornou ao inferno e ao céu.
- minha filha! da vida e da morte
Não há o quê se esperar.
Tudo isso são coisas relativas.
e todos nós vamos morrer...
-Vejo que de todo
não conheçe meu ofício.
enquanto sem compromisso,
mais fácil era de matar.
E também!
era isso mesmo o quê diziam todos antes d’eu me converter:
- A vida é curta
E a morte rápida ao executar.
Sorria enquanto ainda é dia
de véspera do meu vingar.
- Nas veias verdes corre sangue
Nas vermelhas desejo de matar.
Eu já não temo mais nada
Nem mesmo minha maior aliada,
Pela qual passei a vida inteira a esperar!
Quando ela apareceu com a foice
Eu me fiz de rogada,
Baforou com seu hálito de alívio na minha cara
e chamei a danada pra duelar:
Ela com a navalha.
Eu com a metralha.
ela disse de lá:
vamos ver quem vai ganhar!
e eu de cá:
magrela, eu vou te aposentar!
(um baque de corpo e um relincho)
viajo o mundo que conheço.
ignoro, mas não esqueço a sensação
que minha mente foi buscar
pra me explicar aquele olhar da 'morte macaca'.
pobre morte!
morreu à gaguejar.
atingida, soltou a foiçe, acidentalmente
na cabeça do meu cavalo tchub-duwba.
e foi seu último assassinato.
boquiaberta, porém sem ar...
abraçou-me; ho santa, sorrindo,
e começou a me contar:
o segredo da vida.
o porquê de eu aqui estar.
de onde eu vim.
pra onde vou voltar.
em meus braços morre a morte.
e a mim passou seu encargo,
como sua substituta trabalho
sem ninguém pra me pagar.
e agora, com a vida o que será!?
hoje, eu estou de folga
por isso, aproveitei pra vir me confessar.
sinto muito vossa santidade
a manhã volto a trabalhar.
é bom o senhor ir se preparando
amanhã volto pra dar baixa.
sua bênção! até lá!