quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Um tempo pra ser feliz

Com tanta descência
Com tanta dignidade
Chegamos até aqui,
entre tanto pode e não pode.
Com todo mundo olhando,
fica difícil correr nú.
enquanto as pessoas morrem...
uma pessoa da minha família morreu hoje.
uma força parou.
e todos vamos parando aos poucos.
até onde podemos ir?
foi pensando nisso e olhando todos os rostos,
pensando em muitas misérias,
que aprendi que todos nós precisamos
de, pelo menos, um minuto para ser feliz.
seja ele como for...
Já chega de tantas pessoas sem resolução,
de necrópcias,
de pernas amputadas,
de pressão alta,
de diabétis,
de Alzheimer.
é preciso um minuto pra lembrar dos momentos felizes,
como num sonho nítido:
rever aquele imenso, desmedido, primeiro e perdido amor.
ouvir aquela melodia.
reler aquele poema, carta.
receber ou dar um buquê.
passar um dia na praia com os amigos.
aquela tarde andando de bicibleta.
aquela tarde em família.
caminhar pela natureza, cultiva-la.
acordar cedo para sentir o cheirinho da manhã,
ou sentir todo o cheirinho da madrugada e ir dormir cedo, ás 6:00,
com aquela sensação de dever cumprido.
um banho de chuva,
pra pular e dançar na rua.
um feliz dia dos namorados,
acompanhada.
uma fulga,
pra voltar a ser adolescente.
voltar a ser criança,
pra brincar de esconde-esconde, com seus filhos.
eu nunca tive tudo isso, mas dos que tive...
se eu pudesse te dar um ou dois eu te daria.
qualquer um que você quizesse.
só pra te ver paticar a magia de amar,
despretenciosamente,
se entregar.
só pra te ver ter fé;
em si, no próximo,
no novo, no velho,
no presente, no futuro.
por isso,
só um miuto não seria o bastante
pra sentir o quê uma vida inteira não pode te dar.
isso é para dizer eu sinto muito...
por não ter cuidado melhor de você.
e porque eu não pude me despedir,
todos nós sintimos o peso dessa culpa!
embora, só eu diga...

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